Um verdadeiro clima de já ganhou está envolvendo a eleição na capital paranaense. O prefeito Rafael Greca (DEM) não esconde o otimismo e trabalha para fazer alianças que garantam sua reeleição ainda no primeiro turno, consolidando a vantagem que as pesquisas eleitorais apontam. Em 2016, ele enfrentou uma disputa acirrada contra o deputado federal Ney Leprevost (PSD) e venceu, no segundo turno, com 53,26% dos votos. Consciente que um dos principais adversários agora será novamente Leprevost, Greca está fazendo de tudo para dividir o PSD, partido do deputado. Nesse sentido, Greca pediu para seu vice-prefeito, Eduardo Pimentel trocasse o PSDB pelo PSD. Como Pimentel deverá ser mantido como companheiro de chapa do atual prefeito, a candidatura de Leprevost sai enfraquecida. “Meu sonho é que o Eduardo Pimentel componha a minha chapa para dar harmonia e continuidade ao trabalho”, disse Greca à ISTOÉ.
O fato é que Greca trabalha com os indicadores das pesquisas eleitorais que lhe dão vantagem expressiva na disputa. Quando computados apenas os votos válidos, o prefeito teria 38,11% contra 37,47% de todos os outros candidatos juntos. Ou seja, poderia ser eleito ainda no primeiro turno. Os dados são da pesquisa divulgada pela Ágili Pesquisas e Marketing. Os outros postulantes ao cargo que aparecem na pesquisa são o deputado federal Gustavo Fruet (PDT), com 9,29%, o deputado federal Ney Leprevost (PSD), com 6,30%, e o deputado estadual Delegado Francischini (PSL), que tem 6,14%. Num segundo bloco, com menos chances, aparecem o deputado federal Luciano Ducci (PSB), com 3,78%, a deputada federal Christiane Yared (PL), com 3,15%, e o deputado federal Luizão Goulart (Republicanos) com 2,05%.
Curitiba foge de uma tendência da política nacional dos últimos tempos. As mulheres e os jovens não aparecem nessa pesquisa entre os cinco primeiros colocados. Outro detalhe interessante é que a campanha eleitoral, pelo menos neste início, não está concentrada na discussão de temas nacionais. O debate ainda tem se resumido aos problemas locais. Nesse aspecto, quem ainda procura nacionalizar um pouco o debate é o deputado estadual Delegado Francischini, pai do líder do PSL na Câmara, Felipe Francischini. O bolsonarista, no entanto, perdeu um pouco de espaço em seu discurso armamentista e de temas da direita radical com afastamento do presidente Jair Bolsonaro do processo eleitoral, pelo menos no primeiro turno, como ele mesmo tem afirmado.
Ratinho será o fiel da balança afirma o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, que reside em Curitiba, e entende que se confirmada a coligação do DEM com o PSD não haverá maiores problemas para a reeleição de Greca. “O governador Ratinho Júnior, que também é do PSD, será decisivo nesse processo. Se Eduardo Pimentel for confirmado como vice de Greca, e Ney Leprevost sair da disputa, como se cogita, tudo ficará mais fácil para o atual prefeito”, explica Hidalgo.
Ele também lembra que os acordos passam pelo projeto do governador Ratinho Júnior (PSD) de se reeleger em 2022. Além disso, o filho do apresentador Ratinho tem aprovação de 74,2%, o que aumenta sua influência na eleição curitibana. O prefeito inclusive manda o recado para o governador. “Uma composição nesse momento viabiliza que eu deixe de ser uma força de oposição na eleição de 2022”, disse Greca. Apesar das tratativas dentro do próprio partido e da declaração do atual vice-prefeito Eduardo Pimentel, que diz pretender continuar vice de Greca, Leprevost não aparenta desânimo. Ele mantém sua a campanha apresentando-se como oposição à atual administração, mesmo tendo um companheiro de partido como o vice-prefeito, com duras críticas ao prefeito: “Greca mostra desprezo pelos pequenos e microempresários, que são os que mais empregam”, comentou no Twitter. Leprevost ainda critica a diminuição do transporte público durante a pandemia.
O favoritismo de Greca é grande, mas quando os debates começarem a expor as mazelas da cidade, que, apesar de ser modelo para o Brasil em matéria de urbanismo e arquitetura, ainda não resolveu seus problemas, sobretudo na periferia, onde reside a população mais carente, essa preferência por Greca possa sofrer alguns solavancos. É nisso que aposta o ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT). Em 2016, por muito pouco, ele quase conseguiu ir ao segundo turno (teve 20,03% dos votos, contra 23,66% de Ney Leprevost). Alheio aos números das pesquisas, Fruet descreve o prefeito Greca como folclórico. “O prefeito se tornou o mordomo dos empresários, donos dos grandes contratos com a Prefeitura. Existem denúncias contra as empresas que assumiram serviços terceirizados na área da saúde. Além disso, somente para as empresas de transporte, o prefeito irá repassar quase R$ 500 milhões em quatro anos, além de todos os demais incentivos”, condena Fruet.
Greca diz que essa é uma “obsessão” de Fruet. “Ele tenta colar no meu mandato essa história de que houve um aporte financeiro desmedido para as empresas de transporte. É uma falácia cunhada pela oposição”, rebate o prefeito. Essa troca de farpas mostra que há um clima de rivalidade evidente entre Greca e Fruet, que também já foi prefeito da capital. Fruet diz que construiu 25 creches, enquanto Greca não fez nenhuma. Também diz ter construído 10.000 moradias populares, contra as 2.000 feitas pelo atual prefeito. Por seu lado, Greca afirma que as creches de Fruet não foram terminadas e que ele praticamente zerou a fila por vagas para as crianças na capital. A respeito das unidades habitacionais, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que há um cadastro de espera com 38 mil famílias aguardando moradia popular. Resumindo: nenhum dos dois resolveu os problemas crônicos da cidade.
Na verdade, Curitiba sempre foi modelo de administração pública para todo o país e o embate entre o prefeito e o ex-prefeito mostra que alguns dos seus serviços municipais foram se desgastando com o tempo e precisam de novas soluções. O próprio prefeito admite que essa deterioração acontece com a frota de ônibus, com os equipamentos da saúde e da educação. Sobre o fechamento de 37 Unidades Básicas de Saúde denunciado pelos adversários, Greca diz que as UBSs foram fechadas porque não cumpriam as normas de segurança necessárias para atendimento à Covid-19. “Uma das unidades ficava embaixo do porão de uma igreja, sem qualquer condição de atendimento”, explicou o prefeito. Ele reconheceu que a falta de profissionais durante a Covid-19 ficou evidente.
O crescimento desordenado da cidade, que hoje tem 1,9 milhão de habitantes, é um outro problema a ser resolvido pelo prefeito que for eleito ou reeleito em novembro. Afinal, o IBGE estima que a população local chegue a 2,5 milhões nos próximos dez anos, e os administradores precisam decidir para onde Curitiba vai crescer. Afinal, a capital é cercada por dezenas de cidades pobres e com infraestrutura precária. Uma solução para o desenvolvimento passa também por uma decisão integrada com a região metropolitana, que precisa contar ainda com a ajuda do governador Ratinho Júnior, peça fundamental no processo eleitoral deste ano.
Fonte: Tudo Politica . Ass. Com.
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